Com a aproximação do dia 7 de setembro, data em que se comemora a Independência do Brasil, você deve estar ouvindo o Hino Nacional Brasileiro sendo tocado em diversos lugares: nas rádios, na televisão e até nos carros de pessoas patriotas.
O brasileiro mostra seu patriotismo ao entoar o Hino Nacional. Existem ocasiões em que não se dispensa a execução do Hino, como as cerimônias governamentais, as formaturas escolares e as disputas esportivas. Para muitas pessoas, a execução do Hino é mera formalidade, mas não deveria ser assim, uma vez que o Hino é um símbolo nacional!
Por outro lado, há pessoas que entoam o Hino, mas não compreendem bem a mensagem que ele busca transmitir. É o seu caso?
Se for, vamos ajudar você a entender esse texto maravilhoso e simbólico da nossa nacionalidade.
É importante você saber que o Hino Nacional Brasileiro começa narrando um acontecimento histórico: a Independência do Brasil! Na primeira estrofe do Hino, descreve-se o dia em que as margens calmas (plácidas) do Rio Ipiranga ouviram os brasileiros declararem a independência de Portugal na forma de um “brado retumbante”, isto é, de um grito que ecoou longe.
Ouviram do Ipiranga as margens plácidasDe um povo heroico o brado retumbante,E o sol da Liberdade em raios fúlgidosBrilhou no céu da Pátria nesse instante.
O Hino continua contando que, no momento em que o povo heroico bradou esse grito de independência, o “o sol da liberdade” com “raios fúlgidos” passou a iluminar o céu do País. “Raios fúlgidos” são feixes de luz extremamente brilhantes – essa construção é metafórica e quer transmitir a ideia de que a liberdade, que é um bem para todos os homens, tomou conta do País após a declaração de independência. Então, a liberdade política seria um prenúncio da liberdade econômica, cultural etc.
Em seguida, na segunda estrofe, o Hino narra que a libertação do jugo de Portugal foi uma conquistada. Foi necessário lutar com “braço forte” para que os portugueses parassem de mandar na política, na economia, nos costumes, no governo dos brasileiros.
Em seguida, na segunda estrofe, o Hino narra que a libertação do jugo de Portugal foi uma conquistada. Foi necessário lutar com “braço forte” para que os portugueses parassem de mandar na política, na economia, nos costumes, no governo dos brasileiros.
Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forte,Em teu seio, ó LiberdadeDesafia o nosso peito a própria morte
Depois dessa descrição do que aconteceu por ocasião da declaração de Independência, o Hino passa a exaltar o Brasil, elogiando diversos aspectos do país.
A constelação Crux, o Cruzeiro do Sul, só pode ser vista no hemisfério sul da terra. Ela serve de referência aos navegadores. |
Na quarta estrofe, o Hino traz uma referência astronômica, explicando que a constelação chamada Cruzeiro do Sul brilha no céu do Brasil, fazendo com que um sonho intenso de amor e esperança desça à terra. Essa referência é muito importante, porque o conjunto de estrelas que formam essa constelação desenha a imagem da cruz no céu, dando a entender que o símbolo maior do Cristianismo (a cruz) é a causa de haver amor e esperança no coração dos brasileiros.
Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.
Na oitava estrofe, o Hino traz referência geográfica, declarando que o Brasil é o “florão da América”, continente que também é chamado de “Novo Mundo” em contraste com a Europa, o Velho Mundo. Florão é uma peça ornamental que imita flores, sendo símbolo de beleza artística e também de valor. O florão é um ornamento belo e precioso; portanto, caro. Se o Brasil é o “florão da América” ele é uma espécie de joia do continente, destacando-se por sua beleza e por seu valor.
Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, ó Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo.
Na nona estrofe, o Hino traz referências literárias, citando versos de um poema emblemático da língua portuguesa, escrito pelo brasileiro Antônio Gonçalves Dias. Trata-se do poema intitulado “Canção do exílio”, em que o eu-lírico está fora de sua terra natal e declara seu amor a ela, dizendo:
Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vidaNossa vida mais amores.
No Hino, aproveitam-se trechos dos versos, os quais são destacados com aspas:
Do que a terra mais garridaTeus risonhos lindos campos têm mais flores;“Nossos bosques têm mais vida”,“Nossa vida” no teu seio “mais amores”.
Dom Pedro I e Dona Leopoldina são descendentes de duas importantes dinastias europeias: os Orleans & Bragança e os Habsburgs, cujas cores são o verde e o amarelo, respectivamente. |
Na décima estrofe, o Hino exalta a bandeira nacional, chamando-a de “lábaro”. Esse lábaro, essa flâmula, quer dizer, essa bandeira é estrelada e colorida de verde-louro (verde e amarelo). Essas cores simbolizam a paz no futuro ao mesmo tempo em que lembram as glórias do passado. Essa referência às glórias do passado por meio das cores não é gratuita, porque o verde e o amarelo evocam as famílias reais em que nasceram Dom Pedro I e a Imperatriz Leopoldina. Representam, portanto, as cores das casas de Orleans e Bragança e a casa imperial dos Habsburgos, dinastias que governaram reinos poderosos e tradicionais na Europa.
Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro desta flâmula— Paz no futuro e glória no passado.
Ao final, na décima primeira estrofe, o Hino traz uma advertência: se houver guerra, o filho do Brasil não fugirá da luta nem da morte. A frase é construída com inversão, mas está dito: quem te adora (adora o Brasil) não teme a morte. Essa estofe retoma a ideia de heroísmo que já fora afirmada no primeiro verso, reforçando o caráter de bravura e nacionalismo do povo.
Mas, se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme quem te adora a própria morte.
O Hino encerra-se com a declaração de amor ao Brasil, por meio de duas estrofes-refrão, nas quais o Brasil é caracterizado como terra adorada, como pátria amada e como mãe gentil.
Terra adorada.Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria Amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!
Como você vê, nosso Hino traz informações históricas e referências culturais por meio de uma linguagem poética e erudita. Diferentemente dos hinos de outras nações em que se fala em guerra e em matança de inimigos (inclusive, conclamando a população a pegar em armas para derramar o sangue dos impuros que vêm degolar as criancinhas, como diz o hino francês), o Hino Nacional Brasileiro exalta o heroísmo do seu povo, valoriza os feitos dos brasileiros e reconhece a posição privilegiada no país na América, deixando claro que:
- o Brasil é um país de tamanho continental e com espírito pacífico (ou seja, é um impávido colosso);
- o Brasil é um país abençoado com riquezas naturais (afinal, o brasileiro está deitado eternamente em um berço esplêndido, ao som do mar azul e à luz do céu profundo; seus bosques tem mais flores; suas flores têm mais vida e sua vida tem mais amores);
- o Brasil tem potencial humano e natural para liderar o Novo Mundo inteiro, afinal ele fulgura como florão da América.
E o Hino mantém o aviso: se necessário, o brasileiro lutará mesmo com quem deseja sua morte, pois a pátria brasileira (amada, idolatrada) será defendida com “braço forte”. A conclusão é que a pátria oferece riquezas e perspectivas a seus filhos e eles não se furtarão a defendê-la nem a defender os valores cristãos que a edificaram.
Feliz Dia da Independência! Abençoados são os brasileiros, porque têm soldados e poetas.
Agora que você certamente compreendeu a mensagem contida no Hino Nacional Brasileiro bem como o significado das palavras nele utilizadas, ouça-o. Neste vídeo, produzido pelo Ministério da Defesa, você poderá acompanhar a letra.
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